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Monday, November 26, 2018

7 anos depois

Nem acredito que ja fazem 7 anos que moro em NY. As vezes parece que mudei pra ca tem 6 meses, as vezes parece que mudei fazem 70 anos. Sem duvida a vida aqui se tornou uma aprendizagem eterna. Lembro quando comecei meu processo de visto la no Rio e toda demora ate a entrevista no consulado. Depois foi todo o processo de conseguir a permanencia aqui (o famoso Green Card), depois renovar o GC e depois aplicar para a cidadania. Tem sido uma jornada e tanto, no sentido de adaptacao, aprendizagem e reavaliacao da vida. Aqui vao as 7 coisas que estao bem presentes no meu dia a dia todos esses anos.

A eterna crise de identidade

Sou "americana" mas nao me sinto uma, por outro lado nao me sinto tao brasileira assim. Eu estranho as duas culturas e ao mesmo tempo entendo elas. Tenho um pouco de cada uma, e nao tenho tudo de nenhuma. A questao da cidadania ficou so no papel, por que na vida real nao sei como me identificar aqui, sou so a Monique, e mesmo assim dependendo do dia e do relogio nem sei bem quem eu sou. 



A lingua

Essa e o ponto mais marcante e confuso em minha vida.  Eu falo e entendo ingles, mas eu falo engracado por conta do sotaque, e pelo fato que fui aprender ingles burra velha. Eu sinto vergonha de falar ingles, eu tento tanto diminuir meu sotaque mas ele ainda continua aqui. Muitos dias me sinto frustrada, pois ja tenho cara de latina, queria que o meu ingles fosse mais "americano". Nao tem nada de errado em ter sotaque, ou parecer ser latina, mas admito que queria poder tirar o tag de imigrante que carrego. Apesar do Trump no poder eu nao percebo diferenca ou digamos uma piora na forma que somos tratados aqui. Mas e que o 'th', push/pull, soletrar 'e' e 'i', lembrar o nome de filmes e series que cresci amando em ingles, e aguentar a voz original do Will Smith me deixam deprimida mesmo.


Oportunidades

Os Estados Unidos tem muitos problemas, nao nego isso e nem to aqui pra enganar ninguem vendendo a imagem de que vivemos na terra encantada com ruas paved com ouro e com dinheiro crescendo em arvore. Porem, aqui tem muitas oportunidades e apesar dos pesares ainda conseguimos construir uma vida longe da miseria independente do grau de escolaridade. Eu juntei parte do meu dinheiro por 6 meses pra me da de presente uma viagem de "luxo". Eu ate escrevi sobre minhas ferias no Mexico ano passado e a realizacao de um sonho de ir visitar Tulum. Eu comprei passagem pra usar um shuttle service que sai de Manhattan para o JFK, e enquanto eu tava la esperando o fiscal comecou a conversar com a gente. Ele comentou que todo ano passa umas semanas nos resorts por la. Ele me deu varias dicas de coisas pra fazer e comidas pra tentar. Agora me diz se no Brasil o fiscal de onibus faz ferias de 2 semanas pra um resort 5 estrelas com a familia? Claro que viajar envolve guadar dinheiro, segurar os impulsos de comprar e planejamento, mas aqui e algo bem mais acessivel. E se fosse no Brasil quanto tempo eu precisaria pra guardar dinheiro pra fazer uma viagem assim, alias assumindo que fosse possivel ne...


Seguranca

Apesar do risco de ataque terrorista constante, aqui e bem seguro. Claro que requer bom senso e prestar atencao ao nosso redor o tempo todo pra diminuir as chances de ter problemas. Mas andar de carro com o vidro abaixado no calor, atender o celular sem me preocupar com um demonio me roubando, e poder comprar o que quero sem me preocupar com as chances de ser assaltada e uma paz mental que nunca pensei em ter.


 

Tempo

Nao tem termometro no verao marcando 59 Celsius como no RJ e o sol nao e tao poderoso assim


Em compensacao no inverno...



Cumprimentando as pessoas

 Nao dar tres beijinhos e abraco quando encontramos alguem e bem esquisito. O famoso aperto de mao e perguntar "how are you?" so por educacao as vezes me da nervoso, parece tao rude alguem te perguntar como voce esta e voce so dizer "hi" ou so ouvir "hi"...diz so o tal do "hi" entao ue...



Liberdade de sairmo de casa como bem entendemos

Aqui voce anda pelado, de pijama ou bem arrumado e ninguem liga. Nao tem uma pressao social pra depilar, fazer unha, fazer cabelo e andar impecavel. Eu acho que aqui a gente curte uma liberdade da falta de expectativa com nossa aparencia. Acho libertador andar com unha sem fazer por semanas!


Bonus:

Musica

So posso dizer uma coisa: Aqui nao tem funk, Anitta e Pablo Vitar e cia!


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3 comments:

  1. 7 anos!? O tempo passa voando não? E ao mesmo tempo parece que se arrasta... principalmente quando estamos naqueles dias de aulas chatérrimas na faculdade, não é mesmo?
    Parabéns pelos seus 7 anos e pela adaptação. Entendo o que você quer dizer sobre não ser 100% nem americana, nem brasileira. Acho que esto presa no meio dos dois, mas é porque nós temos o privilégio de poder "escolher" o melhor das duas culturas, o problema é que elas não se encaixam na maioria das vezes!
    Bom, como diz a música: "If you can make it here (NYC) you can make it anywhere", então orgulhe-se da sua adaptação, oportunidades e persegues por aí, depois desta fase você tirará as outras de letra!

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  2. Oie Monique, a segurança aqui ainda pesa muito pra mim. Poder andar na rua, sem olhar pra trás para ver se vc tá sendo seguida, poder chegar em casa a hora que quiser sem medo de ser abordada no sinal ou no portão é uma sensação muito gostosa.

    Eu tb gosto como não há essa pressão pra comprar roupa nova pra Natal e Ano Novo e nem essa coisa de dieta louca para sair bem nas fotos de Natal e Ano Novo. É um sentimento muito libertador não ter que sair toda enpiriquitada. Tem dia que saio com o cabelo natural, sem chapinha sem nada. Mó de boas. É como vc falou. ninguém tá nem aí, todos estão ocupados vivendo suas vidas, cuidando de si.

    Beijos!

    www.vivendolaforanoseua.blogspot.com

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