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Sunday, June 24, 2018

O paradoxo da vida e da morte no Brasil - parte 2

Esse ano de 2018 oficialmente passou da metade e ja é o ano que eu quero apagar da memoria. Se tem uma palavra que define tudo essa palavra seria morte. Eu perdi meu pai, um primo, uma amiga mais que querida e uma tia que eu era muito proxima. Tem sido dificil lidar com tanta perda, o coração ja esta em tantos pedaços que nem sei se da pra quebrar mais,  ultimamente é um sentimento de numbness que é dificil de explicar. 

Meus antidepressivos pularam de 0.5 mg pra mais de 400mg e o remedio pra dormir foi de um pra dois em doses muito mais poderosas. O peso caiu pra 39kg, e uma briga com a balança ao contrario começou. Meu problema com refluxo piorou muito. 

O advogado que tava representando minha familia no processo de inventario, teve que ser substituido por outro por que infelizmente no RJ muitos profisionais trabalham como se estivessem te fazendo um favor. Achar outro advogado foi um processo bem chato, mas achamos um que considero razoavel, deixa a desejar em alguns pontos mas tem representado a gente bem.

O Brasil é um pais estranho, toda vez que tento acessar minha conta bancaria de la daqui de casa, o negocio trava, as vezes pede pra ligar, as vezes nem ligando funciona, e olha que tenho as senhas, meus documentos, as respostas para as perguntas de segurança, digital, olhos, a p**** toda e ainda assim, o bagulho bloqueia direto. Ai meu pai deixou um seguro de vida no nome dos filhos em um grande banco e ele foi sacado. Nenhum dos 3 beneficiarios sacou, agora me explica esse fenomeno doido? Online trava e em pessoa sem documento nenhum alguém saca seu dinheiro. Juro que esse pais parece ter saido direto de um dos episodios do Black Mirror.

A troca de advogados custou muitos reais, e juntando meu estado de espirito down decidi que não quero ir no Brasil agora, por enquanto to pensando no final do ano. Não sei explicar como me sinto, mas não quero ver ninguem por agora, não quero preocupar eles, e afinal ja ta todo mundo morto mesmo, infelizmente devia ter visto eles enquanto estavam vivos, agora do que adianta? No ponto de vista legal, eu aqui ou la não tem diferença, tudo depende de juiz, advogados e um "direito de familia" que virou um circo.  Achei melhor cuidar do interior e do espirito quebrado primeiro, ainda tenho basicamente 6 meses pela frente pra melhorar, engordar, parar de golfar(não sei se me sinto como  uma velha de 100 anos ou um bebe de 7 meses) e voltar pro meu normal self.

 Infelizmente esse não é um post feliz como fiz de meta no inicio do ano de ver a vida pelo lado mais positivo, mas pra não deixar meu goal completamente esquecido, apesar de tudo to orgulhosa da pessoa que eu e meus irmãos somos. Com tantas coisas acontecendo, uma mal carater infernizando nossa vida e toda raiva que estamos passando, a gente tem se mantido unido, nunca brigamos por dineiro ou por quanto cada um vai receber ou merece.

 A gente tem encarado isso de forma ate serena pela situação e apesar das injustiças nunca cogitamos fazer algo fora da lei ou querer mais do que nos pertence. As nossas conversas até começam relacionadas com o assunto mas sempre terminam sobre a Arlete (nossa gata de 19 anos), os cachorros ou meu sobrinho. A gente lembra de historias da nossa infancia e ri, a gente se manda mensagem nada a ver so pra se zoar mesmo, a gente chora junto, xinga junto, mas sempre estamos juntos. E no final saber que mesmo longe tenho uma familia tem ajudado a passar por isso tudo.

Prometo que os proximos posts vão ser mais legais.


 
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